21/06/2013 - Mais de um milhão de manifestantes foram às ruas ontem



 Um milhão de pessoas vão às ruas, violência
 cresce e Dilma convoca reunião
Mesmo com redução da tarifa, atos violentos foram vistos em diversas cidades, com saldo de um morto e ao menos 77 feridos; presidente estuda medidas emergenciais

Mesmo após a redução das tarifas de transporte público em 12 capitais - e em metade das cidades da Região Metropolitana de São Paulo -, novas manifestações levaram na quinta-feira, 20, mais de 1 milhão de pessoas às ruas de 75 cidades do País. 

E a violência voltou a se destacar: pela primeira vez desde o início das manifestações, há 15 dias, uma morte foi registrada, quando um motorista avançou sobre um manifestante em Ribeirão Preto (SP). Pelo menos outras 77 pessoas ficaram feridas - 55 no Rio.

Diante da disseminação dos atos pelo Brasil, a presidente Dilma Rousseff convocou para a manhã desta sexta-feira, 21, uma reunião com ministros mais próximos, entre eles José Eduardo Cardozo, da Justiça. Na pauta, estão o mapeamento da extensão das manifestações e medidas emergenciais que podem ser tomadas para arrefecer o movimento.

Durante os protestos de quinta-feira, 20, a cena que mais chamou a atenção, foi justamente a tentativa de invasão do Palácio do Itamaraty durante a noite, em Brasília. A polícia tentou conter os invasores com gás, mas o prédio teve janelas quebradas e focos externos de incêndio. Além disso, a paisagem da Esplanada dos Ministérios foi tomada pelo gás lacrimogêneo e até a Catedral se tornou alvo de vândalos.

Após duas semanas de protestos, foi o ataque mais violento a um centro de poder. Antes, o Congresso Nacional, a Assembleia Legislativa do Rio, o Palácio dos Bandeirantes e o Edifício Matarazzo (sede da Prefeitura de São Paulo) haviam sido alvo de protestos. Nessa quinta, com novas bandeiras para o movimento sendo discutidas no Twitter e no Facebook e em meio às reivindicações sociais e políticas diversas que eram ouvidas, um novo grito destacou-se: "sem partidos". 

Integrantes dessas agremiações foram proibidos de erguer bandeiras por todo o País e o PT viu fracassar a convocação de sua "onda vermelha". Houve confronto até entre manifestantes dos "sem partido" e os do "sem fascismo". Mas o caráter multifacetado do movimento já preocupa especialistas e analistas políticos, que falam em "mal-estar" da democracia no Brasil.


 Passeata de 25 mil pede redução
 de tarifa em Belém
O protesto em sua maior parte foi pacífico, mas, no final, um pequeno tumulto provocou a reação da polícia, que atirou bombas de gás contra um grupo de pessoas

Tropa de choque na sede da prefeitura
Na capital paraense, cerca de 25 mil pessoas, segundo os manifestantes, ou 15 mil, de acordo com a Polícia Militar, saíram às ruas durante a tarde desta quinta-feira, 20, para exigir do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) a redução da tarifa de ônibus. Desde julho do ano passado, o valor foi fixado pelo ex-prefeito Duciomar Costa em R$ 2,20 - estudantes têm passe livre.
O protesto em sua maior parte foi pacífico, mas, no final, um pequeno tumulto provocou a reação da polícia, que atirou bombas de gás contra um grupo de pessoas que jogavam pedras e tentavam afixar cartazes nas janelas do palácio Antonio Lemos, sede da prefeitura. 

A confusão começou quando assessores do prefeito chamaram um grupo para conversar com Coutinho, que chegou a descer do gabinete.

Isso desagradou à maioria, que exigiu a presença do prefeito para conversar com todos do lado de fora.

 A tentativa de negociação acabou suspensa. Duas pessoas foram presas.

Ativistas quebram vidraças do gabinete
de Cid Gomes no Ceará

Tentativa de invasão do Palácio da Abolição-Fortaleza
Na tentativa de invasão do Palácio da Abolição em Fortaleza, a sede do Governo do Estado, cerca de 200 manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) jogaram garrafas de vidro e quebraram vidraças do gabinete do governador Cid Gomes (PSB), que não estava no local. Uma guarita da segurança foi destruída. Os manifestantes chegaram a ocupar o espelho da água.

O Batalhão de Choque reprimiu a tentativa de invasão com bombas de gás, balas de borracha e com a cavalaria. Houve corre-corre e os policiais prenderam pelo menos quatro pessoas no tumulto.  

O protesto começou às 18h, quando 5 mil pessoas, a maioria estudantes, saíram da Praça Portugal com destino à Assembléia Legislativa. Lá foram recebidos pela Polícia com bombas de efeito moral.


Cem mil vão às ruas em SC; Florianópolis
 fica isolada por 4 horas
Protestos ocorreram em 39 municípios; com as pontes ocupadas, ninguém saiu ou entrou na ilha no período das 19 às 23 horas

Manifestantes dominam ponte
Cerca de 100 mil catarinenses em 39 municípios, segundo a Polícia Militar, saíram às ruas na chuvosa tarde e noite de quinta-feira em mais um dia de manifestações. 

Conforme informações da Polícia Militar foram registrados atos em 39 municípios do Estado, sendo Florianópolis a cidade que reuniu o maior número: 30 mil, segundo a Polícia Militar. 

Ninguém saiu ou entrou na Ilha de Santa Catarina no período das 19 às 23 horas. Por volta das 19 horas, a multidão deu início a ocupação de 100% das pontes Colombo Machado Sales e Pedro Ivo, ambas com cerca de um quilômetro de extensão. 

Pelo simbolismo e a importância das pontes, o feito foi considerado o maior ato popular da história de Santa Catariana.

No sétimo protesto de São
Paulo, clima é pacífico
Mais de 100 mil pessoas participaram de ato; apenas houve hostilidade entre manifestantes e militantes de partidos políticos

Manifestantes queimaram bandeira do PT
A sétima manifestação organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL) desde o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo ocorreu de forma pacífica e reuniu 100 mil pessoas na noite de quinta-feira,20, em São Paulo, segundo a Polícia Militar.

Após o registro de confrontos com a PM em manifestações anteriores, os conflitos e hostilidades desta vez se limitaram aos participantes: principalmente entre grupos apartidários e militantes do PT e de outras siglas que tentavam exibir as bandeiras de suas legendas.

Da paulista, a passeata se dividiu, com blocos indo para a Prefeitura, a Assembléia Legislativa e a Câmara Municipal. À meia-noite, o movimento já estava disperso e apenas um pequeno grupo seguia na Rua Augusta.


No Rio, 55 pessoas se ferem em confrontos

Polícia cerca passeata na Av. Presidente Vargas
 Ao fim de uma manifestação que por mais de duas horas se manteve pacífica e reuniu pelo menos 300 mil pessoas na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio, um violento confronto entre policiais e um grupo de participantes começou em frente à sede administrativa da prefeitura. 

A confusão se alastrou por várias ruas da região e deixou um rastro de destruição e pelo menos 55 feridos ou intoxicados e 7 detidos. As cenas de guerra civil se repetiram na cidade, como havia ocorrido na segunda-feira, com depredações, saques, incêndios e violência da polícia e de manifestantes. 

Até as 23h30 havia focos de confusão pela cidade. Cerca de 100 ativistas estavam na frente do Palácio Guanabara, sede do governo, em Laranjeiras (zona sul), e cerca de 400 estudantes da UFRJ se refugiavam em dois prédios da universidade, no centro, alegando que a polícia realizava prisões arbitrárias nas imediações.

Longe dali, um grupo de mil manifestantes interditava a Rodovia Presidente Dutra.
Centenas de pessoas foram atingidas por bombas de gás lançadas por PMs do Regimento de Polícia Montada e do Batalhão de Choque.  

Um veículo do SBT foi atacado e incendiado.  


Manifestantes entram em conflito
 com polícia em Porto Alegre
Grande parte das 15 mil pessoas que protestaram, no entanto, não participou do confronto e tomou o caminho de volta para o centro

Brigada militar utilizando bombas
A manifestação pela redução das tarifas do transporte público teve confrontos entre ativistas, que chegaram a usar explosivos de fabricação caseira e rojões, e a Brigada Militar, que usou bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e cavalaria em Porto Alegre na noite desta quinta-feira. 

Até as 23 horas pelo menos quatro pessoas haviam ficado feridas, sem gravidade, e 20 pessoas haviam sido presas. Entre os 15 mil participantes - estimativa feita pela Brigada Militar - algumas centenas enfrentaram a força de segurança e destruíram fachadas de lojas, agências bancárias e prédios públicos.

A primeira parte do ato público foi pacífica. Reunidos diante da prefeitura, os manifestantes se dividiram em dois grupos, que percorreram ruas centrais separadamente e se reencontraram na Avenida João Pessoa, de onde seguiram para o bairro Azenha cantando palavras de ordem como "vem pra rua,vem", "o povo acordou" e "quem não pula quer aumento", este para fazer todos saltarem, criando a sensação de uma onda. 

A única vinculação a partidos políticos foi uma faixa com os dizeres "Vamos à Luta" assinada pela Juventude do PSOL.


Protestos em Salvador têm 
confronto e depredação
PM reprimiu a manifestação com bombas de efeito moral e balas de borracha em diversos pontos do entorno da Arena Fonte Nova; grupo depredou lojas e pichou paredes

Manifestantes montaram barricadas
 A manifestação do Movimento Passe Livre reuniu cerca de 20 mil pessoas nesta quinta-feira em Salvador, segundo a Polícia Militar, e deixou um longo rastro de destruição, após mais de duas horas de confrontos entre manifestantes e policiais militares da Bahia, auxiliados por integrantes da Força Nacional de Segurança.

A passeata, porém, começou em clima de festa. Os manifestantes, reunidos na Praça do Campo Grande, local marcado para a concentração, juntavam-se em grupos e cantavam músicas conhecidas, como sucessos da banda Legião Urbana. Músicos conhecidos no Estado, como o cantor Saulo Fernandes e a cantora Alinne Rosa, integravam o grupo. Entre conversas e risos, as pessoas usavam apenas cartazes para protestar.

A caminhada partiu, sentido Arena Fonte Nova – que receberia a partida entre Uruguai e Nigéria às 19 horas – às 15h30. Gritando palavras de ordem, os manifestantes seguiam em clima tranquilo pelo Vale dos Barris, sentido Dique do Tororó, ao lado do estádio, e pela Avenida Joana Angélica, que tem acesso direto ao estádio.

Não tardou para chegarem às barreiras policiais que marcavam o perímetro de segurança ao redor do estádio. Às 16h15, em uma delas, nas proximidades do Colégio Central, um dos mais conhecidos da cidade, na Avenida Joana Angélica, os manifestantes chegaram a fazer apelos de não-violência. Dois deles, porém, tentaram furar o bloqueio.

A Tropa de Choque, posicionada logo atrás da barreira, reagiu de imediato, lançando várias bombas de gás lacrimogênio na direção dos manifestantes, que reagiram atirando pedras portuguesas, retiradas das calçadas, e fogos de artifício na direção dos policiais. Foi o início de um longo confronto entre as partes, que se espalhou pela região central de Salvador e só foi controlado por volta das 20 horas.



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