24/02/2012 - 12 "loucos" na cadeia





Justiça boliviana indicia 2 corintianos 
por assassinato de torcedor

'Os demais 10 são acusados de serem cúmplice', afirmou o juiz cautelar do caso


A imprensa boliviana revelou neste sábado quem são os dois torcedores corintianos que estão sendo acusados do assassinato do jovem Kevin Douglas Beltrán Espada, quarta-feira, durante partida entre Corinthians e San José, em Oruro. Segundo com o jornal La Patria, os indiciados são Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira.

De acordo com o juiz cautelar da Corte Superior de Justiça de Oruro, Julio Guarachi, os dois são acusados de terem disparado o sinalizador em direção à torcida do San José. "Cleuter e Leandro Silva seriam os presumidos autores, enquanto os demais 10 são acusados de serem cúmplice", diz dele, ao La Patria.

No total, 12 corintianos estão detidos no presídio de San Pedro, em Oruro. Ali, aguardam que a defesa deles, feita pela embaixada brasileira, consiga que eles respondam em liberdade. Os presos ainda não foram ouvidos pela investigação.

"As investigações que serão realizadas vão indicar se os brasileiros são culpados ou não da morte do garoto tão jovem, de apenas 14 anos", disse Huarachi. Cleuter e Leandro teriam sido indiciados como responsáveis pela morte porque a polícia boliviana encontrou sinalizadores com eles, inclusive do mesmo lote do que o que causou a morte de Kevin.

Na sexta, o ministro conselheiro da embaixada brasileira na Bolívia, Eduardo Saboya, afirmou que os brasileiros estão sendo bem tratados no presídio para onde foram transferidos à tarde. Segundo o diplomata, os corintianos garantem que não são autores do crime.

"Eles afirmam categoricamente que não foram eles os autores, que querem colaborar, querem ajudar a identificar a pessoa. Garantiram que vão se comportar. As familiares terão acesso para telefonar e falar com eles. É um momento muito difícil pra eles", relatou Saboya, em entrevista à ESPN Brasil.

Também na sexta, foi publicado um vídeo na internet onde é possível ver um torcedor corintiano atirando o sinalizador em direção à torcida do San José. Os detidos ainda não tiveram acesso a essas imagens para, segundo eles, ajudarem a apontar quem é a pessoa que disparou o sinalizador que matou Kevin.

De acordo com a assessoria de imprensa do Itamaraty, o crime será julgado pelas leis bolivianas sem nenhuma interferência da justiça brasileira. Além de Cleuter, de 24 anos, e Leandro, de 21, estão presos Tadeu Macedo Andrade (30 anos), Reinaldo Cohelo (35), José Carlos da Silva Júnior (20), Marco Aurélio Mecere (31), Danielo Silva de Oliveira (27), Hugo Nonato (27), Clever Souza Clous (21), Fávio Neves Domingos (32), Rafael Machado Castilho Araújo (18) e Tiago Aurélio dos Santos Ferreira (27). Todos esses 10 foram indiciados como cúmplices.
 - Estadão -


Hospital de Curitiba afasta 47 funcionários da UTI
Todos trabalhavam com médica acusada de antecipar a morte de pacientes 

 A diretoria do Hospital Evangélico de Curitiba anunciou nesta sexta-feira o afastamento de 47 funcionários da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), incluindo 13 médicos. Todos trabalharam com a médica Virgínia Helena Soares, ex-chefe da UTI, que está presa no Centro de Triagem de Piraquara acusada de homicídio qualificado de pacientes sob responsabilidade dela. A Polícia investiga o envolvimento de outras pessoas nas mortes de pacientes.

O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Michelotto, não descarta que houvesse uma “quadrilha da morte” na UTI.

— Se havia isso, ela não fazia sozinha — disse ele.

Uma enfermeira auditora que trabalhou no Hospital Evangélico disse em entrevista que outros funcionários sabiam que Virgínia provocava a morte de pacientes:

— Todo mundo lá no hospital sabia o que a doutora fazia, desde o clínico até os técnicos. Então, não adianta abrir sindicância, todos sabiam.

O diretor clínico do Hospital Evangélico, Gilberto Pascolat, diz nunca ter recebido denúncias contra a médica:

— Oficialmente, nós não temos nenhuma queixa contra a doutora Virgínia nem contra a sua equipe da UTI. Todas as queixas que vêm da equipe médica ou da equipe de enfermagem tem que chegar a mim e não tem nada contra ela.

Em nota, a direção do Evangélico afirmou que o caso é pontual e ocorreu em uma das quatro UTIs. O advogado da médica, Elias Mattar Assad, disse que deve pedir nos próximos dias à Justiça que liberte Virgínia. Ele apresentou carta supostamente escrita por Virgínia pondo em xeque a investigação e questionando a existência de provas válidas.

“O livre exercício da medicina está em risco no Brasil”, diz trecho do documento, que classifica a investigação como “o maior erro investigativo e midiático da nossa história”.
- O Globo -



A agitada despedida de Bento XVI

Não têm sido tranquilos os últimos dias do pontificado de Bento XVI, a que ele decidiu renunciar. Às questões polêmicas, que já existiam, somam-se outras, como um relatório que teria sido preparado por três cardeais, a pedido do Papa, e que, dada a gravidade das conclusões — corrupção, rede de prostituição gay dentro do Vaticano —, teria sido a gota d’água para que o pontífice, já esgotado fisicamente, se decidisse a encurtar o mandato.
Por enquanto, são especulações. Mas o suficiente para causar preocupação nos que, católicos ou não, se interessam pelos destinos da mais antiga instituição do Ocidente.

A preocupação também transparece nas últimas homilias que o Papa tem pronunciado na Praça de São Pedro — os encontros semanais que foram um dos pontos altos desse pontificado de oito anos. O que pede o Papa? Que a Igreja e seus fiéis virem as costas ao orgulho e ao egoísmo; que as pessoas deixem de instrumentalizar a Deus para seus próprios fins, pondo acima de tudo o sucesso material. Seriam referências ao que acontece no Vaticano, onde, segundo outros relatos, existiriam conflitos entre tendências rivais?

A Igreja é uma organização de alcance mundial, e, onde há poder e prestígio, as ervas daninhas não tardam a aparecer. Mas o que Bento XVI está dizendo faz parte do patrimônio imemorial da Igreja, e serve para qualquer época.

Em dois mil anos de existência, a Igreja de Roma passou por todas as peripécias. Da perseguição ao triunfo. Houve um momento, na Idade Média, em que o Papa valia mais que os imperadores, e podia articular a derrubada de testas coroadas. Isso foi a fonte de imensos equívocos, o ponto de partida para prelados arrogantes que usavam seus cargos para se cobrirem de riquezas e de honrarias. Exatamente nessa hora, apareceu um Francisco de Assis, para dizer que o verdadeiro caminho da Igreja estava no desprendimento, no despojamento.

É uma discussão que atravessa os séculos, porque eclesiásticos são feitos de carne e osso. Dentro do próprio catolicismo, diz-se que a Igreja é “santa e pecadora”, por ser composta de seres humanos.

Foi o que se viu de uns anos para cá, quando começaram a espocar as denúncias sobre casos de pedofilia praticados por sacerdotes. Sendo a pedofilia já de si abominável, que dizer de um suposto homem de Deus que usa a sua função para abusar de um menor?

São questões que Bento XVI herdou do papado anterior, e a que procurou dar resposta na medida das suas forças. Seria uma pena, entretanto, que problemas desse tipo (gravíssimos) jogassem na sombra o legado de um papa de excepcional estatura intelectual e humana.
 - O Globo -